AUSTRALIA NEWS

 

Dia 14 de abril de 97

 

 

Cheguei na Austrália no dia 28 de março, em Auckland. Estive na casa de Paul e Judith, pessoas super amigas que me acolheram em sua casa, tanto quando cheguei, como agora, na hora de ir embora.

Fui cedo ao aeroporto naquele dia para ver se encontrava Lele e Cha, mas quando a gente combina não dá certo e justamente naquele dia, não era meu dia de sorte.

A recepção Australiana foi bem diferente da recepção na Nova Zelândia. Aqui colocaram cachorros para cheirar nossa bagagem. Me pararam, abriram toda a minha "pequena" bagagem, perguntaram mil coisas e por último não deixaram eu colocar minha bike no ônibus que iria para a cidade.

Como já era umas 11 horas da noite, tive que montar a bike e sair pedalando por Sydney. Olhei no "Guia Lonely Planet" e vi que tinha um bairro no centro com vários backpackers. Cheguei lá às 2, da manhã, pois no caminho meu reck do bagageiro quebrou e eu tive que parar várias vezes para repará-lo.

Como não era meu dia de sorte, todos os backpackers estavam lotados e eu já estava cansado. Então vi um sem a tabuleta de "lotado" e resolvi bater para ver no que dava.

Uma figura sonolenta apareceu e foi logo dizendo que não tinha vaga. Não deixei que fechasse a porta, e argumentei que dormiria no chão, que estava com problemas com a minha bike e estava bem cansado. Não, sim, não, aí o tal sujeito perguntou de onde eu era e quando descobriu que eu era brasileiro, resolveu pensar no assunto e me deixou entrar.

Coloquei bike e tudo no seu quarto. Ele depois me disse que seu pai morava no Brasil. Ele é francês, e já fazia algum tempo que seu pai havia se mudado para Recife. Disse que desde então, tem viajado o mundo e que talvez apareça par visitar seu pai.

De manhã bem cedo, fui procurar uma vaga em outro hotel e depois voltei para agradecer.

Fui conhecer a cidade. Era domingão. Primeiro fui ver o Opera House para me sentir em Sydney. Realmente tem uma bela arquitetura. Depois fui numa espécie de parque onde se concentram Aquário, Museu, Sala de Exposição e muitas outras coisas. ë bem bonito o lugar e sua arquitetura é bem moderna.

No dia seguinte estava consertando a bike na frente do backpacker e um cara começou a fazer várias perguntas sobre minha bike; era Sasha, um russo que resolveu sair de seu país e conhecer outros lugares. Tentou morar na Inglaterra, mas não o aceitaram lá. A Austrália o recebeu de braços abertos. Ele queria comprar uma bike que tinha visto ali por perto, e, depois trocamos algumas informações, aconselhei que pelo preço a ser pago, seria um bom negócio.

No outro dia ele apareceu novamente no backparker, para eu ajudá-lo a montar a bike. Fui até sua casa, que era ali perto. Morava num apartamento com sua mulher, Seiko, uma japonesa. Se conheceram na Inglaterra e estão juntos até hoje.

Fiquei para o jantar e no outro dia fui convidado para um churrasco mix russo e mix japonês, onde eu coloquei minha fita do Olodum para melhorar o ambiente e a moçada gostou.

A cidade de Sydney é bem moderna com vários pontos interessantes de se visitar. Tem uma população de 3.700 milhões, o comércio não fecha nos fins de semana e boas praias, que a moçada aqui gosta muito, estão sempre cheias, não importa o dia.

Depois de pensar para onde ir, resolvi arriscar e ir para Melbourne e de lá iniciar a viagem.

Coloquei então a bike no "bumba" e fui para o sul.

Cheguei a Melbourne de manhãzinha e saí pedalando para as cidades vizinhas.

Comecei a andar a procura de um lugar para acampar quando um cara de bike me parou para perguntar onde eu ia com tanta tralha. Eu disse que ia para o norte, mas que naquela hora estava procurando um lugar para acampar. Tom, o seu nome, não pensou duas vezes. Convidou-me para acampar na sua casa. Não acreditei, mas comecei a seguí-lo. Antes paramos numa bike shop onde eu mostrei os estragos ocorridos na minha bike. Meu bagageiro estava em pedaços.

Tudo bem, os caras da bike shop olharam e resolveram soldar as partes quebradas. Disseram para eu voltar no dia seguinte.

Acampei no quintal da casa do Tom. Ele morava com mais dois irmãos. e Logo que os irmãos chegaram, foi me apresentando e dizendo que eu estava no quintal.

Tom é professor na Universidade, apesar da sua pouca idade, e nas horas de folga ele pinta quadros, super bonitos aliás. Conseguiu vender alguns e agora pretende fazer uma exposição. Também já pedalou bastante pela Austrália e me deu boas dicas de como chegar até Carns.

No dia seguinte fui à bike shop. Fizeram um belo conserto, e quase não cobraram pelo tamanho trabalho. Me despedi de Tom e pé na estrada.

No primeiro dia, dormi a 40km de Melbourne num entroncamento de estrada entre uns arbustos. No dia seguinte, um vento forte me ajudou a fazer 100 km. Daí dormi um pouco melhor ao longo da estrada. Dia seguinte, mais 90 km. Ficou fácil arrumar um lugar em bosques ao longo da rodovia. Não preciso mais pagar para dormir.

Não tinha visto ninguém andando de bike até encontrar Roger, um australiano que gosta de pedalar, mas também adora sair à noite e beber muitas cervejas. Ele me convidou para uma rodada. Quase não achei a barraca naquela noite.

Acampar em camping aqui, só é vantagem se você está em 2 pessoas, pois cobram pelo espaço e não por pessoa.

Estive por vários dias com uma vida muito diferente. É a primeira vez que estou de bike sozinho. Minha barraca e minhas coisas são meu lar. Não importa onde estou, quando estou, dentro da barraca estou em casa.

Cruzo várias cidades, encontro várias pessoas que me param e perguntam para onde vou. Quando digo que vou ao norte (Carns), as pessoas dão risada e acham que sou louco. Às vezes também acho isso de mim mesmo.

É muito legal ter tudo que você necessita com você mesmo. E não importa onde você está, nuns arbustos longe dos olhares dos carros, e é um bom lugar para montar a casa. Tenho tudo comigo, comida, fogareiro, água, saco de dormir, barraca, livros e música. Todo o conforto de que necessito.

Minha vida é esta agora, e por algum tempo, vou viver esta experiência de ser um viajante do mundo.

Uma das coisas que gosto de fazer é mostrar o Brasil para as pessoas a minha volta. As fotos da Bahia, Chapada Diamantina, Trancoso, algumas praias do litoral norte de São Paulo, como Ubatuba, e claro, nossa boa música popular brasileira, que a todos encanta

Estou levando um pedacinho do Brasil comigo, e acredito agora, que é mesmo o país mais bonito do mundo e com uma riquíssima cultura. E por falar em cultura...

A cultura australiana tem forte influência inglesa por causa da sua colonização, mas a arte aborígene tem tido grande destaque nestes últimos anos.

Sua pedra sagrada a "uluru", que fica bem no coração do país, para eles é um livro que conta a história do seu povo , dos tempos antigos ou tempo dos sonhos. Cada fenda, buraco, são como inscrições sobre guerras e povos passados desde os tempos que os homens lagartos reinavam. Sua pintura é parte de um ritual. Pintam as coisas para serem lembradas e assim sempre existirão.

É o povo mais antigo do planeta, que até hoje transmite suas tradições oralmente. Em algumas tribos corre-se o risco de se perder alguns rituais porque não tem mais sucessores, e os últimos estão ficando bem velhos.

Vivem com pouca coisa, e tudo para eles na natureza tem seu significado e símbolo. Fazem seus rituais para que o mundo continue a existir. Vivem em parques hoje em dia, Kakadu e no norte bem perto de Darwin. Daqui a alguns meses devo aparecer por lá.

Estou em Sydney na casa de Sasha. Bom amigo, grande coração, que acolhe em sua casa várias pessoas que estão viajando, como eu, pessoas que às vezes necessitam de um canto amigo para ficar sossegado por uns tempos. Ele também é uma alma viajante, e com certeza vai aparecer na minha casa que está aberta aos viajantes desse mundo.

Minha idéia agora é ir para as "Blue mountains" e depois "Byron bay"e norte até onde der.

Este é mais um capítulo de uma longa história que vai ser contada aqui para vocês.

A história de uma viagem, que é mais do que isto, é a história de uma boa experiência de vida. Continuem comigo, pois gosto de receber seus recados. São boas vibrações e me tornam feliz. Infelizmente acabo não respondendo porque acabo usando a Internet por pouquíssimo tempo. É um pouco caro aqui também.

Mas continuem acompanhando e coloquem suas opiniões sobre o "home", se está fácil acompanhar, se precisam mais informações, enfim, continuem em contato.

Um big abraço à todos

e obrigado à TECEPE e à LONELY PLANET pela força mais uma vez, e especial ao Mister Webmaster.

Marcelo

aguarde Blue Mountain e Byron bay, devo ir daqui alguns dias.

15 de abril - Sydney

 

Algumas informações sobre Sydney:

População de 3.700 milhões. Na Austrália toda são 17 milhões;

Tourist offices (02) 9 231 4444, na 19 Castieneaghst;

Tourist Information Service (02) 9 669 5111;

Sydney vai sediar as Olimpíadas do ano 2000;

Pontos turísticos: Opera House, Harbour Bridge, The Rocks, Darling Harbour, Sydney Aquarium;

Praias: Bondi, a mais popular, Maly, a mais bonita.

King Cross: bairro com grande concentração de backparkers e vida noturna.

 

Mais informações "Lonely Planet Survival Kit Australia", ajuda você a fazer uma boa viagem.


e-mail