MOUNT COOK NATIONAL PARK

É um dos mais belos parques que já estive, suas magníficas montanhas e vales deixam você de boca aberta p/ este espetáculo da natureza; nunca estive tão perto do coração da montanha.

ILHA SUL; Questown, 4 dias de chuva acampados em um camping; a Cris doente, com um big resfriado há dias parados sem poder fazer nada, não agüentava mais ficar parado e resolvi ir p/ WANAKA com chuva mesmo e a Cris iria de bus.

Acordei cedo e arrumei minhas coisas, levei a Cris até o ponto de ônibus com bicicleta, mochilas... e saí em direção a WANAKA, com uma tremenda dúvida, qual caminho pegar, eu poderia escolher entre um com poucas subidas mais com 94 Km e outro com 20 Km de subidas, (a mais alta estrada da Nova Zelândia) e 30 Km de descida.

Saí pedalando e quando cheguei na bifurcação achei melhor pegar o caminho mais curto, porque quando eu consultava o gráfico da estrada aparecia o desenho de uma linha preta subindo 600 metros e poucos quilômetros, mas quando vi a placa 94 Km p/ WANAKA lembrei que seria muito bom descer 30 Km sem pedalar; resolvi voltar e encarar a subida, chovia e fazia um frio daqueles, no caminho comecei a achar que seria estupidez o que estava fazendo, mas agora não tinha mais jeito, senão pedalar morro acima.

Depois de três horas, cheguei ao topo da montanha e ao mesmo tempo dois bikers que vinham em direção oposta também chegaram. A primeira palavra que ele falou p/ mim foi: crazy, crazy só um louco faria isto num dia deste; trocamos algumas palavras, bebemos 1 litro de água, devorei um lanche e caí p/ ladeira de 30 Km que eu sonhei durante toda a subida.

Cheguei rápido em WANAKA, encontrei com a Cris no camping e procurei algum recado do Fábio e Carol, (eles já estavam em WANAKA há dois dias) mas não foi preciso, o mal tempo fez com que eles descessem das montanhas p/ o camping e resolvemos ir p/ um lugar chamado MOUNT COOK NATIONAL PARK para fugir da chuva.

MOUNT COOK

É a montanha mais alta da Nova Zelândia e da Oceania tem 3764 metros e está rodeada por picos tão altos quanto ele. O lugar é lindíssimo, com vales, glaciais e lagoas. O parque compreende uma grande área e sua sede está situada na Vila Mount Cook; a altitude da Vila é de 700 metros do nível do mar, criando um desnível de mais de 3000 metros em relação ao Mount Cook.

É uma das mais belas montanhas que já vi. Em 1885 foi construído o primeiro hotel da região o "Hermitage" e logo foi decretada com área de reserva e recreação. O "Hermitage" foi construído onde é o camping atualmente, mas uma enchente com avalanche de glaciais de proporção descomunal, destruiu o antigo hotel, um novo foi construído onde é a atual Vila Mount Cook e funciona até os dias de hoje.

As primeiras pessoas a escalarem o Mount Cook, foram Tom Fype que não era alpinista e sim encanador do Hermitage e que se encantou com aquelas montanhas e resolveu explorá-las junto com mais dois amigos que também nada sabiam sobre alpinismo. Improvisaram botas com pregos, usaram pesadas cordas com segurança e nas fotos que vi trajavam terno e chapéu, roupas bem diferentes das atuais usadas pelos climbs. Em 1914 ocorreu o primeiro acidente fatal da região, matando três pessoas soterradas por uma avalanche.

Chegamos com bom tempo e fomos ao Visitor Center comprar mapas e saber da previsão do tempo, tudo certo, tempo bom para dois dias. Resolvemos então fazer a trilha do Copeland Pass, um antigo caminho usado para se chegar a West Cost, para isto era necessário atravessar um rio, caminhar perto do Houker Glacier e depois escalar 2000 metros de pedra, andar na neve até chegar o Pass e dali caminhar mais dois dias até o mar.

Hoje este caminho se tornou um dos mais conhecidos trekking do parque, mas há necessidade de experiência em montanhismo e o uso picareta de gelo e um tipo de sapato com garrão de ferro.

Acordamos cedo, mas como bons brasileiros que somos, saímos tarde, caminhamos até o Glacial Houker e dali começamos a andar pela moraine, que é um misto de pedra com gelo, é muito cansativo caminhar pela moraine, perdemos horas para andar poucos quilômetros, o antigo caminho era bem mais fácil, mas uma avalanche o destruiu há poucos anos.

Chegamos por baixo do Hooker Hut, Fábio e Carol iriam pernoitar ali e nós iríamos acampar. Segundo um guarda parque, o melhor que eu tinha a fazer era não subir para Hooker Hut, porque não havia mais caminho se tratava de uma escalada difícil por pedras soltas. Segundo ele, o melhor era atravessar o glacial e dormir do outro lado e no dia seguinte pegar a trilha para o Copland Pass.

Não achei muito fácil, porque depois de atravessar o glacial, ainda tive que subir por pedras soltas uns 100 metros pra cima. Mas quando cheguei ao tal local, a vista era tão linda que me senti feliz por estar ali. A Cris no outro dia se recusou a subir para o Copland Shelter e não teve outro jeito a não ser ir embora, mais a convenci de subir para outro Hut que deveria ter uma vista belíssima da região, Muller Hut.

Andamos por 7 horas neste dia, 4 horas só de subida. Foi a primeira vez que me senti no coração das montanhas com picos nevados por todos os lados. O Muller Hut estava lotado, tinham 4 alpinistas que estavam presos lá há dois dias, devido aos fortes ventos, um deles me contou.

Aquele era o 1° dia que podia ir ao banheiro, (os banheiros nos hut são sempre separados e ficam alguns metros longe do abrigo).

O por do sol foi inesquecível, com tons avermelhados que deram cor a neve dos picos ao redor. como estava lotado dormimos na cozinha e a notícia pelo rádio era que uma frente fria com ventos fortes iria chegar à tarde, então o melhor á fazer era descer o mais cedo possível.

Retornamos ao camping e nos encontramos com o Fábio e a Carol, que voltavam do Copland Pass, sentiram eu não ter ido, mas para compensar resolvemos conhecermos o Ball Pass.

BALL HUT

O primeiro Ball Hut, foi construído em 1913 na junção glacial Ball e do glacial Tasmau, belíssima vista das montanhas, um outro mais equipado foi construído em 1925 e 1977 foi destruído por um desmoronamento de moraine.

Atualmente existe o Ball Shelter, construído com o que sobrou do antigo, é um chalé bem pequeno com beliche, um pequeno lugar para o fogareiro e rádio, a água na maioria dos Hut são captadas de águas de chuva. O Ball Glacier foi o nome dado pelo 1° presidente do Alpine Club de Londres.

Chegamos antes do Fábio e da Carol, iríamos acampar ao lado do Bell Shelter, quando demos uma olhada percebemos que já havia alguém ali que tinha ido caminhar por algumas horas, deixou um bilhete em cima do seu fogareiro dizendo que poderia tomar seu café e que voltaria à noite.

Armamos a barraca e logo o dono do café chegou, seu nome era John, ele era americano e tinha trabalhado por quinze anos no Outward Bound, a escola mãe de atividades outdoors e educação ambiental dos Estados Unidos, hoje ele acessora projetos na Antártica. Ele sempre faz escaladas na Nova Zelândia, e desta vez resolveu parar por uma semana para conhecer o Mount Cook.

Fábio logo chegou, correu a trilha inteira para pegar a previsão no rádio, todos os Huts e Shelters tem rádio movido à energia solar e todos os dias num horário fixo, no caso às 7 horas da tarde, a central de rádio dá a previsão do tempo e chama um a um os Huts e Shelters para saber quem está por lá, o que cada um vai fazer e se tem alguma mensagem pra dar. E antes de você sair para uma caminhada ou escalada, você preenche uma ficha com seu nome, o que vai fazer, que dia vai voltar, porque se algum acidente ocorre, você só tem que esperar que uma equipe de resgate vai te procurar se você não voltar no dia estipulado, e se você quiser mudar de rota ou estender a trip é só passar por um Hut e falar pelo rádio suas novas pretensões. Este sistema é muito eficiente e te dá uma boa segurança para se aventurar pelas montanhas.

A previsão era de tempo bom, acordamos cedo e saímos, John na frente, Fábio e Carol acabaram nos ultrapassando, levamos muito tempo para subir os 1200 metros até o Caroline Hut. A Cris tinha muito dor nos joelhos, quando chegamos ao topo perto do Caroline Hut, já dava para ver que nossos amigos nos esperavam. Resolvi ir por uma trilha morro acima, mas a Cris não querendo mais subir resolveu ir por um caminho em linha reta, mais pela neve numa parede bem enclinada. Analisei o desnível, se alguma desse errado não tinha muito problema se escorregasse, tinha uns 200 metros de altura, mas daria para parar nas pedras mais embaixo, resolvi arriscar. andamos uns 200 metros e quando olhei para baixo a coisa mudou de figura, uma parede de +/- 700 metros e se algo desse errado, poderia ser fatal.

John percebendo que nós não estávamos acostumados a andar na neve e ainda por cima estávamos sem o Axe ice (sapato com garrões de ferro), correu para nos ajudar, nos deu algumas informações de como andar e como usar o Axe ice. Estava tudo bem, até a Cris se descuidar e escorregar, John conseguiu pegá-la no último instante. Refeito o susto, nos sentamos para um lanche, ainda tínhamos uma hora ou mais de caminhada até o Ball Pass.

Fábio nos deu algumas aulas de como passar na neve e John de como usar e andar com Axe ice. Não dava para acreditar, eu tenho minhas primeiras aulas cleimb num lugar daqueles cercados de Picos Altíssimos, Mount Cook bem perto e neve de todos os lados.

Andamos por encostas bem mais íngremes do que tínhamos passado, mas não era mais problema, chegamos finalmente ao Ball Pass. O vento deveria estar à uns 50 Km/h, tinha-se uma bela vista de todo o parque. John iria bivacar ali para no outro dia bem cedo quando a neve estivesse bem dura, descer para o outro lado do Ball Pass, já Fábio e Carol iriam voltar e nós iríamos acampar na neve pela 1° vez.

Despedimos no final da tarde de Fábio e Carol, que pegaram um atalho para descer que mais tarde quando os encontramos, acharam tolice o que tinham feito. Nós jantamos no coração das montanhas, derretemos neve para fazer a comida. A vista era lindíssima de encher a alma. às cinco horas da madrugada fui acordado com um vento que quase desmontou a barraca, não tive escolha se não desmontá-la e esperar o dia amanhecer para ir embora. fizemos nosso primeiro * nas montanhas.

MOUNT COOK NATIONAL PARK

Informações Gerais

Está situado na Ilha Sul, possui 700011 hectares, está equipado com 17 Huts, cada Hut contém camas, cozinha, banheiro, rádio e kit de primeiros socorros. Se você quiser fazer caminhadas mas não quiser levar a barraca, você pode pernoitar em algum Hut, tem vários e são sempre perto um do outro.

Os Shelters são abrigos menores, equipados com cama, e uma pequena mesa para fogareiro e rádio. Alguns são em forma de barril e forma transportados morro acima por helicópteros. Alguns estão em local que só com escalada em gelo ou em rocha, você consegue chegar ou então por meio de avião / helicóptero.

Existe várias caminhadas, mas a maioria requer experiência em montanhismo e outras de alpinismo e uso de equipamentos para escalada.

O parque já foi visitado por mais de 200 mil pessoas e a melhor época é o verão, mas mesmo assim ocorre nevascas e ventos fortes que podem atingir 180 Km/h nos picos. O visitor center tem todas as informações que você precisa e vende mapas com uma riqueza de detalhes, algumas trilhas marcadas, localização de todos os Huts e te ajudam muito nas suas trips.

Nunca sai para caminhar sem antes pegar a previsão do tempo e fazer sua ficha da saída com as pretensões de sua trip, e se informar das condições das trilhas e Huts.

Boa sorte para quem vem ao Coração da Montanhas!!! Acomodação na Vila Mount Cook: - Hermitage Hotel, luxuoso hotel - Fone: 809 - Youth Hotel, 59 camas e necessidade de reserva - Fone: 820 (P.O. Box 26) - Doc Camping, fica à uns 3 Km da Vila Transporte: - Mount Cook line opera diariamente de Christchurch e Queenstown. Maiores informações: Park Headquarters and visitor center. Correspondência para Chief Ranger P.O. Box 5 - Mount Cook - Fone: 819

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