Bali

 É 28 de junho e o meu visto na AUSTRALIA chegou ao fim. Embarquei no voo das 11:45 da noite. Usei os últimos minutos que dispunha. Dentro do avião comecei a pensar como a minha vida este ano se transfomara. De tempos em tempos tudo muda e sempre estou me despedindo de amigos, lugares e paises onde comecei a gostar de viver.

 Nesta mesma noite meus amigos em Dawin me fizeram um belo jantar com direito a bolo de sorvete e tudo. Quando olhei pela janela e vi DARWIN ao fundo, comecei a pensar que talvez fosse a última vez que estaria vendo aquela cidade e meus amigos. Não tenho a mínima ideia se irei voltar algum dia.

 O sinal de apertar os cintos acendeu e começamos a descer em BALI, um novo país e uma nova história.

 KUTA 12:35 DA NOITE


 Cheguei em KUTA de noite e o calor era húmido como em UBATUBA. Fazia mais calor que em DARWIN mas os balineses estavam com frio. É inverno aqui. Fui disputado a tapas por uma multidão de taxistas, mas só um tinha um carro grande suficiente para colocar toda a minha bagagem dentro.

 Fiquei só 3 dias em KUTA e quase enloqueci com o transito local. Milhões de motonetas aparecem de todas as direções e nem em cima da calcada voce está seguro. Resolvi então me arriscar nas estradas de Bali. Meu ouvido pediu socorro nos primeiros dias: todos businam para você, nao interessa porque.

 Primeiro dia de estrada acabei pegando uma cerimônia religiosa e tudo ficou mais bagunçado ainda. Mas

sobrevivi. Pedalei ate um surf-point a uns 60km de KUTA. O lugar é rodeado de coqueiros e algumas fazendas de arroz.

 Olhei no mapa e ví que meu próximo dia era daqueles de fritar as canelas. Uma subida de 16 km, segundo meu mapa, e mais 50km até LOVINA BEACH. A realidade foi mais dura e os 16km se transformaram em 30km de pura subida mesmo. Lovina estava mais longe do que eu pensava. Pedalei 100km naquele dia só pensando em conhecer o autor daquele mapa.

 O caminho para compensar era lindo: coqueiros e plantações de arroz em terraços, vilas tradicionais. As únicas palavras que eu escutava em ingles eram "HELLO HELLO" de crianças quee depois riam quando diziam I LOVE YOU. Encotrei várias pessoas tomando banho nos canais de irrigação na beira da estradas sem roupa, como se estivessem dentro de seu proprio banheiro. O balinês é pobre mas não miserável. Trabalha muito para viver e sempre esta de bom humor. Todos abrem um belo sorriso para você.

 LOVINA BECH 

Lovina é uma vila de pescadores com um bela praia, apesar de sua areia ser cinza devido à fuligem de um vulcão próximo. Todos saem para pescar a noite em seus pequenos catamarans e colocam uma quantidade enorme de lampiões para atrair os peixes.

 Fiquei cinco dias lá em relax total, porque sabia que teria a subida o vulcão GUNUNG BATUR no meio do meu caminho. Mas um dia chega a hora de partir e você se despede dos amigos e sai pedalando pela estrada. Quando se pedala é um momento de reflexão. Seus pensamentos vão longe. As vezes penso nos dias da Nova Zelandia, quando estava com a Cris, Kenny. Penso que estou novamente dentro daquele carro todo pintado atravessando a AUSTRALIA com meus amigos.  Na minha casa, como ela está, nos meus amigos no BRASIL e quando dou por mim acordo nas estradas de uma ilha da Indonésia, muito longe de casa e do Brasil.

Meu destino era PENOLOKAN, que fica ao lado do vulcão GUNUNG BATUR. Fazia um frio da Nova Zelandia lá, e uma nebrima tão espessa que mal dava para ver a estrada.

PENOLOKAN

 O passeio tradicional aqui é subir o vulcão antes do nascer do sol e comer seu café da manha feito em cima das pedras quentes do vulcão. Mas os dias estavam nubrados e desisti do passeio.

Na estrada novamente, mas um caminho fácil: descidas e mais descidas. Tipo 3 horas descendo sem pedalar. Assim, foi facil chegar até o templo BASIK, o mais importante em Bali, situado no pé do vulcão. Ele também é o mais antigo, tendo aproximadamente 1000 anos. Na última erupção ele não foi atingido e este fato fez com que ele se tornasse ainda mais importante.

 No mesmo dia cheguei em CANDIDASA, cidade a beira mar, tranquila e bom local para mergulho. Suas águas são super transparentes. Lá acabei sendo convidado para uma festa tradicional. As pessoas ficam em círculo. Uma fica no meio com muita bebida a base de coco e com um copo somente. Esta pessoa escolhe a vítima que vai ter que beber tudo em um gole só. Todos acabam cantando suas músicas típicas que me fizeram lembrar as canções Maoris da Nova Zelândia. Acordei com a cabeça gigante no outro dia e adiei minha partida para UBUD.

 UBUD

 Foi o único dia de chuva em 60 dias que estou aqui. Fiquei muito molhado e suando ao mesmo tempo, mas a chegada em Ubud foi bem legal. Acabei de encontrar alguns amigos de Lovina que me convidaram para uma festa de aniversário, com bolo de chocolate e tudo. No outro dia encontrei com LELE E CHARLES, os amigos com quem viajei por quase 2 meses na Austrália dentro do "azul calcinha".

 Mais festas .....

 Os dias em Ubud eram preguissosos. Resolvemos sair para comprar algum artezanato local. Ubud é considerada a cidade das esculturas em madeiras e tem cada uma mais linda que a outra. O preco é muito baixo. Acabei comprando 12 kg de arte e minha bike ficou pequena para tudo isto.

 Chegou de novo o dia da partida e 'bora para KUTA. Foi fácil chegar em Kuta, e na mesma noite corri para o computer para bater um delicioso papo via internet com "Mr" webmaster, aí no Brasil. Foi um papo no chat da Tecepe. Como a tecnologia está diminuindo as distâncias e facilitando a comunicação !

 Me encontrei novamente com LELE E CHARLES. Sabíamos que Nilton estava para chegar da AUSTRÁLIA. Fomos esperá-lo no aeroporto. Com ele chegaram mais dois brasileiros: MILTON E MAURICIO. Gente super boa.

 Eu estava de novo entre bons amigos para o costumeiro papo sobre viagens, mar, ondas, estrelas, universo e o nosso Brasil. Fugimos de Kuta e fomos para PADANG PADANG, praia a 20km de Kuta onde rolam os mais alucinantes tubos em BALI. Fica perto de ULUWATU, a maior onda daqui.

 Alugamos um bangalo na frente da praia e passamos dias e mais dias assistindo as ondas e surfistas insanos dominado as ondas. As vezes elas eram mais selvagens e o infeliz recebia algumas lembranças do reef (recife de coral) abaixo das ondas.

 Pude pegar dias clássicos la, nunca vi ondas mais lindas e perfeitas em toda a minha vida. Mas qualquer descuido e voce beija o reef, que esta a menos de 1m de profundidade.

 Mauricio, NILTON, MILTON E CREY, um australiano que conhecemos, se aventuraram nas ondas locais mas tinham respeito quando o mar subia. Zecão, surfista ubatubano famoso por pegar grandes ondas no mundo acabou voltando para casa com alguns pontos na cabeca. A cena mais comum de se ver é gente com várias marcas pelo corpo feitas pelos reefs.

 A QUANTAS fez uma confusão com o dia do meu vôo e acabei não voando dia 10 de agosto, como estava previsto. Então mudei de planos e risquei a TAILÂINDIA do meu roteiro. Resolvi tirar meu visto Australiano em BALI mesmo. É que eu descobri a poucos dias que ele iria vencer antes de eu voltar do Nepal.

 Decidi então ir conhecer LOMBOK. Eu dispunha só de mais 10 dias. Deixei a bike e fui de bumba para GILI TRAWANGAM e GILI AIR. São duas ilhas no norte de Lombok, situadas em cima de uma bancada de corais coloridos. A paisagem é de propaganda de turismo. Foram os dais no paraíso sobre uma lua cheia inacreditável. Mergulhei de esnorquel e acabei vendo corais azuis, amarelos, verdes e os peixes mais malucos e coloridos.

 Hoje é dia 23 de agosto e estou novamente em Kuta, esperando pelo meu vôo para Singapura. Meu último destino é o Nepal. NÃO SEI como vai ser o contato de lá mas se tiver Internet mando recados. Em novembro estarei voltando para o BRASIL. Meu dinheiro chegou ao fim e sei que se trabalhar mais um pouco vou conseguir completar a segunda fase do meu projeto: CANADA E USA.

 Continuem me acompanhando. Acho que o NEPAL vai ter histórias bem legais. Bali foi para relax.

 UM ABRACAO A TODOS QUE ME ACOMPANHAM. SE DEMORO PARA RESPONDER SEUS RECADOS, NÃO FIQUEM BRAVOS COMIGO. AS VEZES E DIFÍCIL ACHAR UM COMPUTER.

QUANDO ACHO TEM SEMPRE UMA FILA E TENHO POUCO TEMPO.

 ATÉ...

 marcelo bueno

23/08/97 7:15:47


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